terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mundinho intimista...


É impressionante como determinadas convenções nos meios de comunicação informal se fazem reais, hoje fui informada por uma de minhas colegas de trabalho, frase do Grande Sílvio, que a mais ou menos uma semana está terminantemente proibido o envio de e-mails em letras maíusculas na comunicação interna de trabalho, soa pouco gentil alegaram, parece que estamos gritando.

E assim fico idealizando nesta falsa idéia de que podemos nos tornar efetivamente próximos ou cordiais com pessoas que pouco conhecemos por esta nova linguagem que a internet está proporcionando. Torna-se desconcertante porque se o termo e-mail deriva da significação correio eletrônico, estamos falando de troca da correspondência pela eletrônica. E por acaso quando alguém escrevia coisas em letras garrafadas ou simplesmente com letras maiúsculas você rasgou a carta dizendo: - Que ódio ele está gritando comigo!

Particularidades de um mundo onde todos querem parecer íntimos com pouco fundamento.
A réplica de minha afirmação está na quantidade de candidatos a vereador que usual apelidos, nomes ou simplesmente a associação a sua profissão, vide. Isso em algum momento deu credibilidade a algum candidato?! Sendo positivo ou não parece uma mera expeculação este tipo de associação nomes e profissões, fica tudo muito intimista, criando uma ilusória expectativa, eu conheço as suas fraquezas e necessidade e sou próximo a sua realidade, só pela bendita associação a determinada classe trabalhadora.

Como companheiros e companheiras já virou bordão, mais que registrado de nosso presidente, cabe agora anônimos e aspirantes a vida política se associarem a profissões, normalmente de pouca especialização, normalmente desfavorecidos pelas políticas públicas, para induzir que sabe ou que conhece seu drama.

Por acaso o meu drama está em cartaz? Como cidadãos brasileiros temos sim, problemas em comum e não precisa ser o Sr Manoel da Padaria para saber e se colocar no papel do povo para o povo, eu sei do que você precisa, eu sou o tiozinho, o fulaninho, tudo em diminutivo, mais chegado. Na cultura do um pra lá, dois pra cá o povo se vira como pode fica íntimo e muitas vezes mal sabe sob quais meios e sob quais víboras soberanas que já atuam por anos na política vão ter de dialogar.

Eu conheço, eu sei do que você precisa! Mas o que eu preciso agora é do seu voto! Porque com um salário de 8 MIL REAIS MENSAIS POR 4 ANOS certamente eu sei que tudo o que mais preciso poderei comprar com um salário desses e que provavelmente vou esquecer ao longo dos 4 anos tudo o que você irá precisar...

Gostou? É porque eu preciso do seu voto!
--------
Kissu
V-chan

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Depois de alguns longos meses sem postar, confesso que ando sentindo falta da escrita, minha velha amiga e companheira, assim devo retomar a atividade dos contos que praticava com muita freqüencia apesar do pouco tempo. Era um exercício de escrita fabuloso e de memória mais ainda, não sei se meus anseios me assemelhavam a contos baratos ou folhetins da teledramaturgia brasileira, mais sob a ausência de um dos meus correspondentes e dos víveres responsáveis pela subsistência de meus sonhos estarem desfavoráveis entrego me mais um vez a esta prática.

Ainda sem ou com quase nenhuma idéia daquilo que vos será apresentado seguem os meus loucos contos...

A chuva derretia os pequenos montes de terra, os meninos deixavam-se molhar enquanto as meninas seguiam com pastas sob a cabeça cobrindo os cabelos espichados, os sapatos tocavam o chão com passos apressados e delicados, era necessário salvar-se. A sabedoria dos animais que contemplavam o milagre das águas retornarem dos céus não foi herdada por aquelas moças em que as meias brancas já estavam terrosas pelos pingos de água que respingavam nas largas passadas. Os meninos debruçavam-se mesmo molhados para tentar contemplar os vestígios de pernas, braços, corpos que se exibiam na transparência das roupas e da maneira pouco graciosa que as figuras juvenis fugiam da chuva, todos inscritos sob a mesma freqüência, sob o mesmo frescor vital, que talvez a minha figura não havia agraciado.

Eu tinha dezessete anos, e ainda me lembrava dos cabelos curtos, modismo inventado em meus acessos de raiva, segurados por presilhas curtas e vermelhas que continham todo alvoroço que o vento poderiam me causar. Os ombros de minha desajeitada figura curvavam-se sob uma pasta de couro marrom, enquanto as passadas contidas desviavam-se das poças d'água. No intuito de resguardar-me detive o desejo de banhar-me sob a chuva, ainda sim, às vezes, distraia-me, conduzida pelo frescor e do aroma que emanava naquela emulsão, onde as pequenas gotículas desfaziam a a seca camada de terra, reagiam numa reação não explicitada nos livros de química mas comum aos homens da poética. Conduzida naquela indecifrável formulação erguia minha face aos céus, e as gotas resvalavam sob minha pele, estavámos todos condenados a mesma sentença, ressoava do místico encontro da água com meus poros. Sob todos os estratagemas do homem estávamos todos conjugados por aquele fenômeno, dádiva, mistério natural que embalou os exaustos com a canção que os respingos compuseram de encontro aos telhados.